domingo, 25 de janeiro de 2015





Nota de Desinteresse Público 2.0


  Venho aiando as postagens desse blog, pois estive sem tempo e estímulo para escrever, mas por algum motivo resolvi retornar às atividades. Então vamos lá.
  Estou a 5 meses em intercâmbio no Reino Unido. Sim, era essa a novidade que eu mencionei postagens atrás. Tenho algumas boas e más novidades a contar; tenho anotações que fiz ao longo de muitos meses desde 2012, 2013, 2014 e 2015, incluindo, claro, todos esses meses na Terra da Rainha e penso em transformá-los em postagens. Durante esse meu lampejo de ânimo, nutro esperanças de que eu vá conseguir postar todos esses textos ao invés de ter um caderno cheio de abortos escritos. Colocarei a data da escrita de cada texto que eu postar a menos que seja atual. Adianto aqui algumas conclusões que eu tirei nesses 5 meses na Europa - algumas são bastante óbveis -:
The time is almost gone, the song is almost over.
  • Pessoas são pessoas, sejam elas de qualquer lugar do mundo, apesar de tudo.
  • Sexo é sexo em qualquer lugar do mundo, apesar de tudo.
  • Estudantes são estudantes em qualquer lugar.
  • Comida é comida em qualquer lugar...menos na Inglaterra
  • Alemães comem bem. Ingleses não.
  • Basta estar vivo para as coisas já serem complicadas (mas disso eu já sabia).
  • Eu sou eu mesmo não importa onde...apesar de tudo.
  Não sei exatamente como vai ficar a periodicidade de minhas postagens (pra variar), mas ao menos estou cheio de histórias pra contar.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

quarta-feira, 26 de junho de 2013

DESPERTO



  Certa feita, foi pedido ao escritor Neil Gaiman a definição de Sandman numa única frase. A resposta de Neil: "É uma história sobre mudança". De fato é mesmo. Morpheus, o protagonista da obra prima em quadrinhos de Gaiman, resolve passar por uma mudança ao longo do seu percurso, que culmina numa outra mudança radical ao final da história. Não se pode dizer que ela foi boa ou ruim, foi simplesmente uma mudança, essa é a natureza das coisas: mudar.
  Sempre tive uma forte dificuldade de me conectar com as pessoas, eu preferia permanecer assim, essa era minha zona de conforto: ficar na minha. Consegui bons amigos e tudo, mas logo me tornei graduando num curso que exige que você mate um leão por dia e acima de tudo...interaja. Não havia espaço para a minha colossal insegurança. Mas eu me arrisquei de todas as formas, academicamente e pessoalmente. Leva um tempo mas eu percebi que nunca estive sozinho de verdade e que boas coisas vêm de direções que você não espera.
  Os momentos de desânimo me fizeram perceber, mais a frente, o quanto sou forte e sinto cada vez mais que sou capaz de fazer coisas incríveis. Eu me compreendo e estou saindo do casulo, só aguardando a faísca que desencadeará a mudança completa. O que antes eu não suportava, agora não tem mais tanta importância, posso encarar qualquer coisa. Eu tenho forças mais que suficientes. Essa mudança, eu posso afirmar: é boa, ótima, sem igual. 
  No mais, só posso dizer que planejo dar um passo alto, passo esse que vou relatar nesse blog assim que se consolidar. Pode levar um tempo, mas vai sair.
  Me despeço por hoje com a música que foi minha trilha sonora por esses tempos...

                                                   "All is full of love", caros leitores.



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Uma crítica...ou não a "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças"


Satori desfrutando de um bom café
  A postagem anterior (e primeira desse blog) foi feita em 2012. Sendo agora portanto 2013 (o dia é irrelevante) penso que só postarei novamente em 2014. Tenho andado desmotivado demais. Tipo, o tempo todo, seja pra escrever, pensar, não pensar, não escrever. Enfim, podemos dizer que eu compreenda Satori Uso (Não sabe quem é?, bem normal, acho que eu e as outras 6 pessoas que conhecem esse fulano, só o conhecemos porque tropeçamos com ele por aí). Mas enfim, vamos ao que interessa...

  Nessa madrugada fiquei entediado e sem nada pra fazer. Então lembrei que eu tinha um blog e resolvi escrever um pouco nele pra variar, e resolvi falar (fazer uma crítica?) sobre um dos meus filmes favoritos: Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças. Como resolvi que falaria agora de madrugada, não pude revê-lo pra ficar com tudo fresco pra escrever sobre ele, mas já o vi umas 3 vezes então...vamos ao que interessa (de novo)...  

  Eu gosto muito do Jim Carrey. Sério mesmo, cresci vendo muito de seus filmes. Talvez o mais marcante de toda a minha infância tenha sido O Mentiroso, embora depois de um pouco mais velho eu tenha percebido a qualidade duvidosa dele. Lembro também de O Pentelho, que assisti mais ou menos na mesma época (deveria ter o quê? 5 ou 6 anos), esse sim muito bom, O Show de Truman já vi na minha pré-adolescência. Ou seja, Tio Jim me acompanha desde sempre.
  Lembro que eu sempre me perguntava quando Jim faria um papel realmente forte e dramático. Jim Carrey já tinha feito alguns, no mínimo muito bons por sinal, mas o primeiro que eu assisti foi o Brilho Eterno.

  Sob a direção do gênio criativo Michel Gondry, do qual sou fã e ele merece uma postagem só pra ele, Jim interpreta Joel, Kate Winslet interpreta Clementine, com Kirsten Dunst, Mark Ruffalo, Elijah Wood, Tom Wilkinson. A trilha sonora fica a cargo de Jon Brion e roteiro de Charlie Kaufman (Quero Ser John Malkovich), que é um roteirista no mínimo brilhante.

  Sinopse:  Joel é um cara apático, tímido e solitário que é aparentemente insatisfeito com o seu trabalho (embora o filme em momento algum diga com o que ele trabalha, mas é possível tirar algumas conclusões). Ele conhece Clementine (Kate), os dois eventualmente se apaixonam e mantêm um relacionamento um tanto conturbado, que se desgasta com constantes brigas e chega ao seu fim. Amargurada, a impulsiva Clementine procura uma empresa chamada Lacuna, que desenvolveu uma nova tecnologia que possibilita a qualquer um esquecer toda lembrança a respeito de uma pessoa. Clementine se submete ao tratamento e esquece de Joel, esse, ao descobrir tudo, também se submete, sendo que boa parte do filme se passa dentro da mente de Joel durante o processo de esquecimento. 

Nota: 5 estrelas em 5

  Jim Carrey, tão diferente de muitos de seus típicos papeis, compõe sua personagem com um tom de voz baixo, quase sussurrando, cabeça baixa, olhar melancólico que quase sempre está direcionado ao nada. É engraçado que, com a fotografia do filme sempre em tom meio azulado e triste, a única coisa com cores vivas no cotidiano de Joel seja seus desenhos. Com um sentimento de auto piedade e solidão, Joel parece não fazer amigos com facilidade e tão pouco se envolver amorosamente com alguém, apesar de durante a narração em off do próprio personagem no início do filme, ele dizer que saiu de um relacionamento há pouco tempo. Nesse momento surge Clementine no metrô, daí somos apresentados a uma Kate Winslet efusiva de cabelo colorido que dispara palavras, e que desperta interesse por conversar com Joel simplesmente por ele ser o único ocupante (além dela, óbvio) do vagão. Assim nos é mostrado o casal no início do filme.
  Após algumas cenas dos dois juntos, é feito o primeiro grande corte do filme, no qual já vemos Joel, em outro tempo, sofrendo pelo término do relacionamento com a Clem, relacionamento esse que ainda nem vimos acontecer devido a esse corte, que parecia estar as mil maravilhas e ter algum futuro um segundo atrás. Ele, então aos prantos, vai para o seu apartamento esperando duas pessoas até então desconhecidas (Ruffalo e Wood), mas que logo são revelados como dois funcionários da Lacuna: uma empresa que apaga memórias. E é nesse ponto que começamos a entender as coisas. Joel contrata a Lacuna para apagar Clementine da sua mente, pois ela já o havia apagado da dela (com os serviços da mesma empresa), lhe causando uma grande angustia. Ele porém, durante o processo de "esquecimento", se arrepende de sua decisão, mas nada pode fazer pois está dormindo. Então ele tenta desesperadamente esconder a lembrança de Clem em outros cantos de sua mente.
  É no tratamento do Joel, que boa parte do filme se passa, mais precisamente dentro de sua cabeça, tentando salvar suas lembranças da amada, que estão prestes a sumir. Somente agora, vendo todas as memórias dos dois juntos, percebemos que o casal que vimos anteriormente, tinha um futuro no mínimo tortuoso. Clementine, vivida de maneira perfeita (como sempre) pela Kate, é espontânea, tagarela e impulsiva, o seu cabelo, sempre a ter uma cor diferente, denuncia isso. Ela fala gesticulando e se veste com roupas de cores meio gritantes, destoando muito do seu parceiro. Engraçado também que, quando Clementine está junto de Joel, não lembro da fotografia do filme ficar tão azulada ou melancólica como nos momentos solitários do protagonista. Ela trazia cores para o mundo dele, apesar dos problemas que presenciamos em lembranças.
  A narrativa do filme é não linear, e é feita pra enganar mesmo. O que você pensava que era cronológico, na verdade não era, fora os cortes que são dados que pulam uma época e muito depois voltam ao tempo em que estavam antes. O filme só fica confuso quando realmente ele quer confundir, pois quando toda a dinâmica dele se revela, é possível compreende-lo claramente, mas uma maneira boa de se situar, caso  julgue necessário, é reparar o cabelo de Clementine, ele está sempre mudando de cor, mas mantém a coerência cronológica em que os fatos acontecem, uma cor seria o passado, outra o período do relacionamento e uma última cor, o término. Dá pra notar o esmero que Kaufman tem ao fazer o roteiro, que    nunca se perde apesar de ir e voltar no tempo e explora os dois personagens de maneira criativa dentro da mente do Joel. Eu teria um comentário a respeito da cor de cabelo escolhida pela Clem no término, quando ela já não lembra mais de Joel, mas isso seria um Spoiler, foi malz =\. 
Stan
  Os outros atores também estão muito bem, todos os seus personagens estão bem encaixados e têm participação essencial na trama. Mark Ruffalo como Stan,  o técnico da Lacuna Inc que executa os apagões da memória do personagem do Jim Carrey em seu apartamento, enquanto este dorme, é apaixonado pela Mary (Kirsten Dunst), a atendente da Lacuna, mas se esforça pra não demonstrar seu amor platônico. O Elijah Wood é Patrick, auxiliar do Stan, também apaixonado por Mary, mas esse inconscientemente deixa claro a olhos vistos seu interesse por ela, apesar de já estar namorando a Clementine, que já não lembra mais de Joel. Mary, por sua vez, é enamorada por Dr. Howard Mierzwiak (Tom Wikinson) criador da técnica empregada para apagar memórias e dono da Lacuna Inc, que é casado e não parece ter interesse por ela a princípio. 

  Boa parte dessas histórias se desenvolvem paralelamente ao processo de apagão já descrito, alternando o foco da história entre lembranças e realidade - protagonista e os outros- e assim como o casal principal, todos os outros casais são problemáticos e quase todos se separam (exceção de dois amigos de Clementine e Joel, mas vivem discutindo e distratando um ao outro), e todos os relacionamentos acabam interferindo uns nos outros de uma maneira divertida e ao mesmo tempo dramática.
  O filme é sempre muito bem conduzido pela direção do Michel Gondry, que ao entrar na mente do adormecido protagonista, enquanto esse caminha por memórias semi-apagadas, faz câmera se mover de maneira solta, quase como se estivesse apenas nas mão de alguém, sem apoio, sempre com um close no rosto de Carrey, dando a sensação de realidade desconexa típica de sohnos. Enquanto que em momentos de memórias para serem apagadas completamente, a câmera se move da mesma maneira que no mundo real, contudo os personagens juntam falas de outras memórias que no contexto em que acontecem, não fazem o menor sentido. Os efeitos visuais, como é de costume de Gondry, usam muito pouco ou nada de computação gráfica, apenas efeitos de luz, lente, perspectiva e massa para criar rostos deformados, enquanto os cenários vão se transformando e desaparecendo de maneira incrível e com efeitos puramente práticos. Não resta dúvida de que Michel Gondry foi uma das maiores pérolas que já saíram da indústria de videoclips musicais.
  No final do filme, memória apagada, sofrimento terminado, Joel segue sua vida (nesse trecho, a cronologia do filme é revelada), contudo, ele e Clem se reencontram e eventualmente se apaixonam novamente. Mas é colocado um elemento na trama, que são as fitas que os pacientes gravam falando do porque que vão apagar determinada pessoa de suas memórias. Essas fitas são entregues via correio aos seus respectivos esquecidos, por um motivo que não convém falar nesse texto e claro, Joel e Clem acabam ouvindo suas respectivas fitas, um na presença do outro. Daí surge o momento chave do filme, após a discussão que os dois têm: os dois ouvem tudo que vai acontecer em suas vidas juntos, pensam em acabar tudo o que ainda estava por vir e evitar o sofrimento, mas então Joel pede para que não desistam. Clem lhe responde dizendo que tudo vai dar errado, então ele solta um honesto e esperançoso "Okay". Os dois terminam juntos, aceitam os problemas vindouros. O que vem adiante é irrelevante, o filme acaba e só.

  Por esse final, Kaufman é chamado de pessimista (Assim como o foi em Sinédoque Nova York), mas o que eu vejo é muito diferente disso. Em Sinédoque, ele diz "viver é sofrer", enquanto em Brilho Eterno, "amar é sofrer". Mas, mesmo sendo o filme uma comédia, mesmo tendo elementos fantásticos, o filme é totalmente realista sobre o que é o amor. Amar implica sofrer em algum momento, não existe amor perfeito, contudo, amar é tão inevitável quanto necessário, preenche a vida com mais cor e sentido. Fugir e se blindar de algo tão essencial é simplesmente remar contra uma maré, é preciso encarar de frente e sentir toda a mágoa, alegria e cor que virá a seguir. Isso nos faz mais completos, como toda experiência forte que temos na vida. Não podemos simplesmente esquecer, temos de aprender a conviver com nossos amores. Esse final pra mim, passa longe do pessimismo, é mais uma feliz lição. 
  O Brilho Eterno é uma comédia atípica, não causa gargalhadas, mas leves sorrisos, contudo, é inesquecível por fazer pensar em nós mesmos e nos fazer sentir a nós mesmos.
  Nos créditos iniciais e finais é tocada a música "Everybody's Gotta Learn Sometime" do cantor Beck (para o qual Michel Gondry já dirigiu pelo menos dois videoclips). A música não só ajuda a realçar o clima melancólico do filme, ela traduz a relação de Clem e Joel, principalmente em seu (re)início.



    
  

P.S.1: Eu comecei a fazer esse post de madrugada, mas fiquei com sono e fui dormir. Só retornei a fazê-lo agora. Por isso no horário indicado nele está lá pra quase 17 horas.
P.S.2: Não achei imagens de Clementine e Joel brigando. Portando, as coisas não são bonitinhas como essas imagens fazem parecer.  
P.S.3: Essa lição do final do filme não engloba casos patológicos ou problemáticos além da conta
P.S.4: Obrigado por ler essa cagação de regra até o final. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nota De Desinteresse Público

  Esse é o primeiro post, de mais um de muitos blogs sem propósito que boiam a deriva na rede. O Coadjuvante Do Coadjuvante teve algumas motivações -meio vazias, penso eu- mas no geral não tinha alvo nenhum a acertar, é descompromisso total... ou não. Na verdade não sei. Seu despropósito se mostra logo em sua concepção: na verdade o blog deveria se chamar "O Coadjuvante", nome que já havia sido usado por alguém (pudera, um nomezinho bem comum), então o nomeei "O Coadjuvante Do Coadjuvante": desimportância ao quadrado :)

  Meus agradecimentos ao que primeiro registrou o nome. Você me fez perder alguns minutos a mais pensando em outro bendito nome.


 Agradeço também aos meus ectoplasmáticos leitores. Vamos que vamos!